Maior desafio: a luta em defesa do piso salarial



Educação e desenvolvimento precisam ser prioridades de forma concreta

Tecendo a manhã
João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que amanha, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã), que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, ele eleva por si: luz do balão.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Abgail Pereira: um 1º de Maio histórico para a CTB

Ao consagrar a data de 1º de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores, a história resgatou o reconhecimento público à luta dos cinco mártires de Chicago, que tombaram com heroísmo defendendo a redução da jornada de trabalho e a dignidade dos operários, na greve geral de 1886.

Por Abgail Pereira *, no Portal CTB


Pelos ideais de liberdade, justiça e igualdade social defendidos pelas lideranças do movimento, o seu exemplo seguiu e segue vivo, atravessando mais de um século. Em todo o mundo, sob as mais diversas condições políticas, nas democracias ou nos regimes arbitrários, esse dia é uma referência de luta dos trabalhadores e trabalhadoras e é também um momento especial de confraternização da classe entre si.

Nesse importante momento que estamos vivendo em nosso país, a CTB sente-se honrada em fazer parte dessa confraternização. Legalmente constituída, estruturada e atuante à frente dos grandes movimentos da atualidade, nossa central já se consolida como uma referência na defesa dos direitos presentes e futuros da classe trabalhadora e em busca de sua emancipação política e social. Legalidade, diga-se de passagem, conquistada duramente no bojo dos movimentos pela democracia e pela liberdade e autonomia do movimento sindical.

Esse orgulho pela consolidação da central deve ir para as ruas, para as comemorações do 1º de Maio, com as nossas bandeiras de luta, fundamentando-se na busca da maior unidade política e de ação possível com as outras centrais e com o conjunto do movimento sindical.

As mulheres trabalhadoras fizeram parte dessas conquistas e hoje estão cada vez mais presente nas mobilizações, que crescem em todo o país para impedir a precarização das relações de trabalho.

Nesse contexto, a participação das mulheres trabalhadoras nas atividades do Dia 1º de Maio deve se dar com visibilidade, tanto na propaganda como na ação prática, de forma a contribuir para o êxito das mobilizações do movimento sindical, deixando a marca de gênero por onde passarem: nossas cores, nossa logomarca, nossos ideais comuns e específicos, particularmente a defesa da igualdade e o combate a toda forma de opressão.

Em defesa do Emprego, dos Direitos Sociais e da Igualdade

Para nós, trabalhadoras, o 1º de Maio se reveste de grande importância, pelo enfrentamento dos efeitos da crise, combatendo as demissões e a flexibilização de direitos, mas também pela denúncia do caráter estrutural dessa crise de produção capitalista.

A luta em defesa do emprego, dos direitos sociais e do crescimento econômico com valorização do trabalho, alia-se às reivindicações específicas de gênero. Nesse contexto, às mulheres é fundamental a defesa da Ratificação da Convenção 158 da OIT, para reprimir a demissão imotivada, visto que são as trabalhadoras as que mais sofrem os efeitos do desemprego. Também é preciso continuar o combate à discriminação, destacando a importância da igualdade de salários e de oportunidades, bem como ampliar o alcance das medidas propositivas, como a licença maternidade de 180 dias para todas as trabalhadoras urbanas e rurais e as políticas públicas relacionadas à inserção feminina no mercado de trabalho, entre elas as escolas infantis (creches) e a escola de turno integral.

Mulheres pelo fim do Fator Previdenciário

Em igual medida de importância para as mulheres está a luta pelo fim do fator previdenciário, pois são as que mais perdem com esse espúrio dispositivo. Além de retardar o início da aposentadoria, o fator previdenciário é responsável pela redução de até 40% no cálculo dos valores do benefício, dada a expectativa de vida média das mulheres. Outra questão relevante, nesse momento de crise, é o fato inegável de que a extinção do fator representa a possibilidade imediata de aposentadoria para milhares de trabalhadores, minimizando a questão do desemprego. Por isso, a CTB é contrária a qualquer proposta de reforma que mantenha o fator previdenciário.

Os desdobramentos da crise econômica demonstram que o capital, mais uma vez, repassa para os trabalhadores o pagamento da conta: desemprego, flexibilização de salários e corte de benefícios, são os únicos remédios que os patrões receitam.

A história da classe trabalhadora, onde o 1º de Maio é uma das grandes referências, demonstra a importância da resistência organizada daqueles que produzem as riquezas para mudar esse conceito de exploração e opressão.

A Secretaria da Mulher da CTB conclama aos trabalhadores e trabalhadoras à mobilização com ampla unidade do movimento sindical e popular, para enfrentar a crise e exigir medidas que garantam o emprego e os direitos sociais, bem como para avançar na luta pelo fim da exploração capitalista.

Viva o 1º de Maio e a memória das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras! Saudações Classistas!

* Abgail Pereira é secretária da Mulher da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)

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