Maior desafio: a luta em defesa do piso salarial



Educação e desenvolvimento precisam ser prioridades de forma concreta

Tecendo a manhã
João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que amanha, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã), que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, ele eleva por si: luz do balão.


quinta-feira, 7 de maio de 2009

MANIFESTO

EM DEFESA DE UM SINTE RENOVADO, DEMOCRÁTICO, INDEPENDENTE, UNIDO E DE LUTAS


Aos trabalhadores e trabalhadoras em educação:


Vivemos uma situação de verdadeiro abandono da educação pública do RN. A destruição da escola pública é notória e extremamente agressiva. A falta de professores e funcionários, com grande presença de estagiários em sala de aula, é apenas um dos elementos que demonstram o sucateamento a que está sendo submetido o ensino público.
Bibliotecas, salas de informática e estrutura física decadentes, baixos índices de aprendizagem, docentes desmotivados e acometidos de doenças profissionais são hoje, infelizmente, as condições da educação em nosso Estado.


Triste realidade da educação


Além disso, assistimos a cenas de desvalorização e desrespeito com os profissionais da educação: salários defasados, direitos como licenças e promoção de nível e de letra negados aos professores e aposentadorias tardias, dentre outros problemas. E a apatia, a pouca participação das famílias e da sociedade na vida escolar e nos movimentos em defesa da educação pública agravam essa triste realidade.
Tudo isso ainda se torna pior com a crise mundial gerada pelo capitalismo, obra da ganância dos mais ricos que agora querem que a classe trabalhadora pague a conta. E o povo já começou a arcar com esse ônus. Muitos governantes suspendem investimentos que poderiam ser direcionados para políticas sociais, afetando a qualidade dos serviços prestados à população, e a educação é uma das áreas que mais sofre ameaçada por corte de recursos.


E o Sinte?


Diante desse quadro, o Sinte, que deveria ser uma trincheira de luta e de avanço para a causa da educação, mostra-se uma entidade fechada, antidemocrática, controlada e dominada por um único grupo da CUT desde 1983, com diretores por mais de 20 anos.
Posturas desagregadoras e excludentes fizeram com que vários setores da direção, da categoria e de outras entidades se afastassem e buscassem construir uma alternativa mais avançada e coerente com princípios e valores classistas e democráticos.


O desmonte de uma entidade


O Sinte é hoje uma entidade distante dos reais interesses da categoria e da sociedade, pois confunde consciência política e participação com partidarização. Também se coloca afastado das lutas com outras categorias, sindicatos e movimentos sociais. Não promove sequer uma campanha salarial bem-preparada, com sensibilização, mobilização e inovação, mas utiliza métodos inadequados e ultrapassados, que não mais envolvem a categoria.
É uma entidade que não zela por seu patrimônio: a sede está sucateada, sem organização nem espaço para acolhimento da categoria. As paredes estão destruídas e têm infiltrações; a calçada, totalmente depredada; o auditório, sem equipamento e acústica. A CTE foi reformada, mas não possui estrutura ou equipamentos (ventiladores, armários, uma simples mesa de cozinha, computadores, gerência, etc.). Também foi abandonada a área de lazer de Ponta Negra, que está sem projeto de utilização.
O Sinte não mantém sequer uma página na internet, tem a informação deficiente e centralizada, sem estrutura, que não atende às necessidades da categoria. Também a assistência jurídica é pouco eficiente e eficaz.

Reconstruir o sindicato – retomar a luta

É possível mudar e melhorar a educação? Sim, com a luta firme da categoria e da sociedade para assegurar e garantir grandes e permanentes investimentos na construção de uma educação pública de qualidade, assegurando o controle social através dos conselhos, comissões e fóruns.
Mas para isso necessitamos de um Sinte forte, que realmente represente os interesses da categoria, da educação e da sociedade. Precisamos desenvolver campanhas e jornadas criativas e participativas com vistas a resgatar a remuneração, valorização, o respeito e a dignidade dos trabalhadores. Lutar emergencialmente para recuperar os direitos legais e constitucionais como aposentadorias, licenças, promoções, piso salarial digno e outros. A paridade entre ativos e aposentados, a inclusão dos educadores infantis no Plano de carreira do magistério e uma maior inserção dos funcionários de escolas nas lutas da educação e em defesa de seus direitos.
É mais do que urgente renovar a direção de nossa entidade, com novas idéias, propostas, condutas e valores, e assegurar a mais ampla democracia e participação da categoria na vida do sindicato. Respeito e cumprimento do Estatuto e das deliberações da categoria em suas instâncias. Despartidarizar as ações e campanhas salariais, tendo sempre como foco a categoria, garantindo autonomia e independência do Sinte frente aos partidos e governos. Investir na formação da categoria e da diretoria com vistas à renovação de quadros e lideranças. Inserir o sindicato na luta social em geral e na solidariedade às outras categorias.

Luta e organização

Por fim, é também preciso investir na preservação, conservação e otimização de nosso patrimônio, visando oferecer serviços de qualidade, atender mais e melhor nossa categoria. Garantir um bom e eficiente atendimento nas áreas funcional, jurídica e social, mantendo o sindicato, os núcleos regionais e os profissionais da educação permanentemente atualizados e informados de todos os acontecimentos.
Tudo isso só se faz com muita disposição de luta, dedicação e organização. E é a isso que nos propomos, nós que assinamos este manifesto, e a essas idéias conclamamos os profissionais da educação no Rio Grande do Norte.

ASSINAM ESSE MANIFESTO:
João Oliveira - Natal, Socorro Freitas - Caicó, Aldeirton Pereira - Mossoró, Miriam Estevam – Santa Cruz, Pedro Filho - Apodí, José Cardoso (Zezé) Umarizal, Rosália Fernandes, Olívia Florêncio, Wagner Douglas, João Pessoa - Natal -– DIREÇÃO ESTADUAL E REGIONAIS DO SINTE
Renier Luiz, Eliana Torres, Jussara Quirino, Dedé Costa, Aparecida Carlos, Antonio Alci, Vânia Lúcia, Denise Barbosa, Maria Elizabete, Carlos Mossoró, José Figueredo, Marisa Santos, Rozângela Câmara, Nilsa Medeiros, Goretti Gonçalves, Roberto Júnior, Ana Horácio, e muito mais – NATAL
Miriam Rocha, João Batista, Luciene Urbano, Jocelin – PARNAMIRIM
Wendell Jeferson, Maria Ionara, Irene, Vanusa – SÃO GONÇALO
Maria Mariz, Manuel Barbosa (Manu), Jane Maiz, Lúcia de Fátima, Maria rosa – CAICÓ
Maria do Carmo Leal, Edson de França, Pereira Diniz – MOSSORÓ
Helena Lúcia e Jacira Sousa – APODÍ





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