Maior desafio: a luta em defesa do piso salarial



Educação e desenvolvimento precisam ser prioridades de forma concreta

Tecendo a manhã
João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que amanha, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã), que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, ele eleva por si: luz do balão.


sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A crise do capitalismo reflete no Brasil


Saída para crise passa por redução da taxa de juros, diz economista
Mestre em Ciências Políticas defende iniciativas do governo brasileiro, mas adverte que é necessário ações mais ofensivas: diminuir juros e resguardar a renda dos trabalhadores para enfrentar a crise internacional
Na palestra A crise capitalista contemporânea e seus reflexos no Brasil, organizada pela CTB-RN e ADURN, ontem, 11, no auditório do CTGÁS, em Natal, o professor de Economia Lécio Morais afirmou que o Governo Lula tem tomado medidas corretas para enfrentar a crise internacional, mas advertiu que as iniciativas são, por enquanto, apenas defensivas.
Após analisar a origem da crise, ressaltando seu caráter cíclico e sistêmico, o economista afirmou que as perspectivas não são animadoras, pois se anuncia um grande período de inconstância e estagnação. “Com a pressão de fuga de capitais e a destruição de capital sendo empurrada de um país para outro, será criada uma situação de estresse inter-estatal, e isso pode gerar mais conflitos internacionais e instabilidade.”
Morais também afirma que haverá muita pressão para que a redução de custos recaia sobre a renda dos trabalhadores, e isso poderá gerar dois tipos de resistência: as lutas para não perder empregos e salários e as lutas mais radicais, de dimensões ideológicas, visando a mudanças no sistema.
Juros sabotam economia brasileira
No Brasil, segundo o professor, as medidas de enfrentamento da crise são acertadas, com reposição da oferta de crédito, manutenção da produção – conservando empregos e capacidade de compra da população – e controle de algumas fontes de instabilidade. No entanto, o economista afirma que elas apenas amenizam o impacto da crise, e é necessário cobrir a vulnerabilidade de nosso mercado de capitais.
“Com o risco de fuga de capitais, o governo tem de reduzir a taxa de juros. Não é possível suportar a demanda interna e tentar impedir essa fuga de investimentos com esses índices. Todo o esforço do governo é sabotado e torpedeado pelos juros”, disse Morais. O economista ainda ressaltou que é preciso fazer a defesa da renda e da previdência dos trabalhadores, “porque o mundo vai mudar, e é preciso se preparar”.
A palestra, que contou com a participação dos acadêmicos do curso de Economia da UFRN, representantes de entidades sindicais e trabalhadores da educação, foi apresentada pelo diretor de política sindical da ADURN, Wellinton Duarte, pelo diretor executivo da CTB Nacional, Divantilton Pereira, e pelo presidente da CTB-RN, João Oliveira. Também presentes ao evento, Fafá Viana e Antenor Roberto, presidentes municipal e estadual do PCdoB, respectivamente, além de George Câmara, vereador eleito pela legenda em Natal.
Fonte: Blog do PCdoB

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