Maior desafio: a luta em defesa do piso salarial



Educação e desenvolvimento precisam ser prioridades de forma concreta

Tecendo a manhã
João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que amanha, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendo para todos, no toldo
(a manhã), que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, ele eleva por si: luz do balão.


sábado, 24 de janeiro de 2009

Secretário municipal confirma 12% no salário de abril

Em audiência do Sinte com o Secretário municipal de educação de Natal, Professor Elias Nunes, em 23 de janeiro de 2009, foi confirmado a reposição de 5% das perdas salariais e o mecanismo de reposição de cerca de 7% da inflação aos professores, para entrar em vigor a partir de abril de 2009. Aos educadores infantis será concedido apenas a correção de 7% da inflação.
A categoria decidiu em assembléia lutar pela reposição de 34% para corrigir a enorme defasagem salarial de perdas desde1995, segundo o Dieese. A assembléia da categoria está prevista para 9 de fevereiro, onde decidirá pelo indicativo de greve.
A mesa permanente de negociação paritária reivindicada pela categoria será constituída a partir da próxima semana para debater a reposição de 34% e a inserção dos educadores infantis no Plano de Carreira do Magistério Municipal, inicialmente.
Será pago em janeiro a promoção de 525 professores aprovados na avaliação de desempenho de 2008. Também foi negociada a concessão do vale transporte aos educadores infantis, embora sem prazo de implementação. Terá que ser enviado à Câmara de Vereadores Projeto de Lei para alterar a Lei 3375/85 e estender o benefício aos educadores infantis.
Sobre o piso salarial, o secretário alegou que Natal já paga o Piso previsto em lei, já que o professor NE 1 (nível médio) com 40 horas semanais tem salário de R$ 1318,78 e o piso é de R$950,00.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Negociações precisam evoluir para a reposição de 34% das perdas

A audiência transcorreu em clima de diálogo aberto e esclarecedor, sendo respondidos todos os pontos colocados pelo Sinte. Esperamos que as negociações evoluam para o atendimento da reposição de 34% dos salários e a inclusão dos educadores infantis na Lei 058.
A melhoria da qualidade do ensino requer valorização profissional com remuneração digna, carreira, gestão democrática, financiamento, formação continuada e condições de trabalho.
A melhoria salarial do magistério de Natal se constitue hoje na ação mais urgente e necessária para o avanço na valorização profissional.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

CENTRAIS SINDICAIS LANÇAM NOTA

Pacto da Ação Sindical

São Paulo, 15 de Janeiro de 2009

Reunidas em São Paulo-SP, após ampla discussão as centrais sindicais (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB, Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Força Sindical – FS, Nova Central Sindical de Trabalhadores – NCST e União Geral dos Trabalhadores – UGT), decidiram reafirmar a importância da unidade dos trabalhadores e enfrentar o impacto da crise financeira mundial que está afetando drasticamente o emprego e o crescimento da economia brasileira, adotando o Pacto da Ação Sindical

Consiste na defesa das seguintes propostas:

1. Exigência de contrapartidas sociais , especialmente a garantia dos empregos, de todas as empresas/setores econômicos, beneficiados com recursos públicos (empréstimo, isenção fiscal, etc.)

2. Fim das horas extras.

3. Eliminação do banco de horas.

4. Redução imediata, de pelo menos dois pontos percentuais da taxa básica de juros (Selic).

5. Redução substancial do "spread" bancário dos bancos públicos e privados.

6. Ampliação das parcelas do seguro desemprego.

7. Ampliação dos aportes financeiros do fundo de amparo ao trabalhador, destinados à qualificação da mão de obra.

8. Autorização para que o trabalhadaor possa utilizar até 20% (vinte por cento) da sua conta do FGTS no Fundo de Infraestrutura (FI-FGTS).

9. Manifestação no próximo dia 21/01, em frente ao Banco Central, em São Paulo, pela redução da taxa de juros.

As centrais decidiram levar em audiências ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República, ao Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado do Trabalho e Emprego e Governadores Estaduais, as propostas do Pacto da Ação Sindical, a fim de adotarem medidas governamentais, imediatas e firmes, pela manutenção dos empregos.

Da Redação, com informações do Portal CTB

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Renato Rabelo: A grande encruzilhada do governo Lula

Manter um nível de desenvolvimento e emprego positivo, barrando a recessão, ou ser vencido pela retração econômica e expansão do desemprego.


A partir de 2007 o Brasil retoma o patamar de desenvolvimento do PIB anual acima dos 5% e a tendência apontava para uma aceleração do seu crescimento a níveis mais altos ainda, durante um período mais longo, mantendo assim em 2008 esse ritmo. Entretanto, este ascenso desenvolvimentista está enfrentando pesado obstáculo desde setembro do ano passado com a expansão da crise econômica e financeira mundial.
O governo Lula, desde o seu início, foi levado a estabelecer uma forma de pacto político, decorrente da correlação das forças políticas de então, com duplo compromisso contraditório: responder ao apoio da base democrática e popular que o apoiou desde 1989 e, ao mesmo tempo, estabelecer um acordo que cedia aos interesses da oligarquia financeira beneficiária da política neoliberal implantada desde início de 1990.
Esse pacto manifesto na “Carta aos Brasileiros” é que deu ao novo governo uma característica de dualidade, como já afirmávamos desde sua posse em 2003. A expressão desse tipo de pacto na formação do governo ficou demonstrada no papel de Antonio Palocci, titular do Ministério da Fazenda, na escolha de um presidente para o Banco Central da confiança dos grandes círculos financeiros internos e externos, como avaliadores do acordo. O restante do governo foi completado com muitas figuras de origem democrática e progressista, vinculados ao campo popular.
Foi esse tipo de coalizão política e social que permitiu – em condições de crescimento da economia mundial – que o primeiro governo Lula estabilizasse a crítica situação por que passava o país e começasse a distribuir renda primária aos mais deserdados. Simultaneamente, o governo buscou a afirmação de uma nova política externa “Sul-Sul”, de integração do subcontinente e diversificação comercial, dando ao Brasil importante protagonismo no cenário externo.
O segundo governo Lula colocou o centro de gravidade de suas ações na aceleração do desenvolvimento e no reforço dos programas sociais. A dualidade que se refletia na luta entre continuidade e mudança, neoliberais e anti-neoliberais, desenvolvimentistas e ortodoxos, os partidários de políticas públicas universais ou focalizadas, estatistas e mercadistas, esteve sempre presente e se elevou numa maior contenda com a saída acidental de Palocci da Fazenda, substituído por Guido Mantega, personalidade de feição progressista. Foi se configurando na política econômica um caráter “hibrido” (desenvolvimentismo X ortodoxia liberal). Apesar desses limites e contradições o Brasil começou uma fase ascendente de desenvolvimento desde ano de 2007.
Novo desafio, nova oportunidade
Porém, o início da fase aguda da crise sistêmica do capitalismo iniciada em setembro deste ano, atingindo toda economia mundial, impõe uma nova situação. O Brasil, com suas reservas e aplicação de elevados investimentos em curso, não foi atingido de imediato, mas começa a ser impactado com a recessão que se alastra mundo afora, tornando-se incerto o desdobramento dessa situação de crise, sobretudo nos próximos seis primeiros meses de 2009.
Em virtude da dimensão da crise em marcha – que põe em xeque a exacerbada globalização financeira liberalizante e ao próprio hegemonismo unipolar dos EUA – os povos e países da chamada periferia do sistema são jogados diante de ingentes desafios: encontrar novas respostas políticas e econômicas que não se limitem a remediar o impasse da nova grande crise do capitalismo, mas, distinguir novas oportunidades e caminhos para transformar o Brasil em uma nação soberana, democrática, próspera e socialmente avançada. Muitos exemplos da história demonstram que esses momentos de grandes crises do sistema, que ocorrem no seio dos países capitalistas centrais, criam oportunidades aos países dependentes e subdesenvolvidos para buscar seus caminhos próprios de desenvolvimento nacional.
Reconstruir o pacto político
Em face da crise o desafio é mais político que econômico. É chegada a hora de reconstruir o pacto político. Esta é a saída para o enfrentamento da crise. Dar maior força a base popular e democrática, aos trabalhadores e as camadas médias, em aliança com os empresários da produção e do comércio. Construir assim um grande pacto pela defesa e impulso do desenvolvimento, da economia nacional e do mercado interno, da renda do trabalho e do emprego. Em conseqüência da ação crescente da crise capitalista estamos diante de um risco maior: a recessão. Por isso, toda iniciativa e mobilização deve se voltar para viabilizar os meios que visem à expansão, e não retração da economia.
Em suma, deve ser superada a política da desregulamentação financeira, de juros altos e do câmbio livre da fase da economia “cassino”, submetida a fortes injunções da hegemonia dos grandes agentes financeiros. Hoje, manter juro real básico no patamar de 8% é o mesmo que continuar acelerando o carro para o abismo da depressão econômica. E deixar o câmbio livre de qualquer controle é voltar a cavar a vulnerabilidade externa do país. Em resposta a essa situação, impõe-se o nivelamento do juro real básico ao patamar internacional nesse tempo de crise, o controle do câmbio e de certa forma do fluxo de entrada e saída de capitais.
A encruzilhada diante do governo
O novo contexto gerado pela grande crise, tendo em conta a eleição geral de 2010, onde estará em disputa à presidência da República, leva o governo Lula a estar diante de uma encruzilhada: manter um nível de desenvolvimento e emprego positivo, barrando a recessão, ou ser vencido pela retração econômica e expansão do desemprego. Prevalecendo a primeira vertente o prestígio popular do governo e do presidente se elevará ainda mais, podendo irromper forte clamor nacional pela continuidade de Lula.
Se o governo conduz bem o país diante de grave crise global estimula a consciência de que a mudança do presidente em momento delicado como esse, na direção desse complexo empreendimento, pode ser muito arriscado. No período da grande depressão na década de 1930 nos EUA, o presidente Franklin Delano Roosevelt, com o projeto do New Deal que reergueu a nação norte-americana, superando a grande crise do capitalismo, foi reeleito quatro vezes, talvez não chegando à quinta porque faleceu.
Mas, se prevalece a segunda vertente, o presidente Lula pode perder o prestígio e a confiança hoje depositada na sua condução à frente da Nação e possibilitar o aparecimento de salvadores, reforçando o discurso revanchista da oposição, dificultando a vitória do candidato que seja escolhido como seu sucessor.
Esta é objetivamente a encruzilhada política que vive o governo, sendo a reconstrução do pacto político, de uma forma ou de outra, a via necessária para seguir a vertente que leva ao êxito na superação da crise.

Aldo quer Câmara voltada para os problemas do povo

As elites dominantes no Brasil sempre procuraram afastar o povo da política. É como se dissessem aos representantes do povo e aos movimentos populares: ''Deixem conosco estas tarefas de legislar e dirigir o país!'' Ou como sintetizou Raymundo Faoro em seu Os Donos do Poder, ''poucos dirigem, controlam e infundem seus padrões de conduta a muitos''.

Durante vários períodos de exceção, Faoro conclui que a autocracia autoritária operou sem que o povo percebesse seu caráter ditatorial, só emergente nos conflitos e nas tensões, quando os órgãos estatais e a carta constitucional cederam ao real, verdadeiro e atuante centro de poder político, Em última análise, a soberania popular não existiu, senão como farsa, escamoteação e engodo.

Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, um novo ciclo foi inaugurado, e cresceram as chances de líderes populares serem eleitos para o Parlamento brasileiro. Entretanto, os grandes meios de comunicação do Brasil - articulados com os setores mais reacionários e conservadores - bombardeiam a população tentando demonstrar que todos os políticos são corruptos e devotados a interesses pessoais sem compromisso com os eleitores que os conduziram aos diversos níveis de representação popular.

Desta forma, procuram incompatibilizar os eleitores com seus representantes e fomentar acordos de cúpula que resolvam as necessidades parlamentares ligadas às classes dominantes.

Agora, no dia primeiro de fevereiro, mais uma vez estará em jogo a direção da mesa da Câmara dos Deputados. E todas estas questões estão em debate, especialmente sobre que caminho o Parlamento brasileiro deve seguir.

Em entrevista à jornalista Dora Kramer, de O Estado de S.Paulo, o candidato a presidente da mesa da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) afirmou que será preciso reverter a tendência atual do Parlamento, que deve sacudir a poeira e dar a volta por cima. Ele acha que a Câmara tem se tornado refém das corporações, ficou mais submissa aos ditames do Executivo e atuou a reboque do Judiciário. O desafio ''de fundo'', disse, é o Legislativo retomar o papel de protagonista como um dos Poderes da República e trabalhar de acordo com as demandas da sociedade. E não, como hoje, agindo a partir da pressão das corporações, ''públicas e privadas''.

Aldo argumenta que ''se você perguntar a um cidadão da Paraíba ou do Rio Grande do Sul quais são as suas grandes preocupações, ele certamente não dirá que são as medidas provisórias, a necessidade de mais vagas para vereadores, cotas raciais ou a urgência de correção salarial para esta ou aquela categoria profissional''. Mas o cidadão certamente dirá, pensa ele, que ''é a saúde pública, a falta de segurança, a educação deficiente, os impostos excessivos e, se preocupação política houver, será a crítica à conduta auto-referida e distanciada dos partidos''.

''Portanto, o que a Câmara tem de fazer é atuar sobre estes grandes temas, dar atenção ao que representa realmente um clamor social. Hoje a instituição não se prenuncia sobre saúde, educação e segurança nem faz as reformas necessárias. Na política, fala para dentro e, na tributária, tenta resolver em um mês problemas que levaram 200 anos para ficar do tamanho de hoje'', completa o deputado que está concorrendo com o apoio do Bloco de Esquerda.

Ele reconhece que presidiu a Câmara, na gestão anterior, em meio a uma violenta crise. Era impossível prestar atenção em qualquer outra coisa que não fosse mensalão, sanguessugas e vampiros. Mesmo assim, quando as lideranças se dispuseram a sentar, conversar, negociar e tocar assuntos importantes como a lei das microempresas, trabalharam em consonância com a vida real. Por isso, garante que não existe a possibilidade de desistência de sua candidatura. ''Nenhuma'', enfatizou. Nem se o PT pedir, Insistiu a jornalista. E Aldo respondeu: ''A modéstia constrange, mas não impede de constatar que, no tocante à viabilidade de votos, mais vantajoso para o PT hoje seria me apoiar''.

Portal Vermelho