Conta a historiografia oficial que um fidalgo português, empunhando uma espada às margens do Riacho do Ipiranga, há 187 anos, proclamava a independência do Brasil. Era o 7 de setembro de 1822, período marcado pelas crises da época do Brasil Colônia na transição para o chamado Brasil Império.
Tal acontecimento se dá em meio às dificuldades que enfrentava a coroa portuguesa nas suas relações de absoluta submissão à Inglaterra e diante da efervescência interna, sendo impossível controlar os conflitos de toda a ordem que eclodiam pelo Brasil afora.
Era a crise do modelo de acumulação de capital do expansionismo mercantilista, onde a hegemonia britânica se afirmava não apenas no campo industrial e comercial, mas também no terreno da guerra, ao derrotar o império napoleônico, abrindo um novo ciclo de dominação em todo o planeta. O sistema capitalista dava seus passos saindo do período concorrencial e passando para um novo ciclo, muito mais perverso, marcado pela lógica monopolista.
Enquanto isso, o ouro das Minas Gerais financiava a Revolução Industrial inglesa. A reboque de Portugal, o Brasil padecia diante da mais vergonhosa espoliação de um país e de seu povo. Não é à toa que muitas revoltas populares acontecem nesse período, questionando as injustiças. Os principais expoentes das lutas de nosso povo, como Zumbi dos Palmares e Tiradentes, ao lado de tantos outros, são expressões dessas revoltas e dessa resistência.
Mesmo com a proclamação da independência formal, o clima de insatisfação por aqui era intenso e fugia do controle, expondo as fragilidades do novo governo. Ainda que detentor de um duplo poder – Executivo e Moderador – no conturbado processo constituinte de 1824, o príncipe regente não conseguia pacificar os ânimos e sua autoridade estava em permanente questionamento. Da independência à abdicação de Dom Pedro I, em 1831, não houve um só dia sem conflito.
A carcomida coroa portuguesa já não conseguia tocar os rumos do Brasil e, na sua fase imperial, a velha monarquia também já se mostrava ultrapassada. Os conflitos de toda a natureza continuaram e se multiplicaram. A campanha abolicionista expunha as chagas de uma economia escravocrata, de vergonhosa memória. Cem anos depois da Revolução Francesa, dos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, ainda existia a escravidão no Brasil.
Veio a Abolição da escravatura e em seguida a República. Novo ciclo institucional, velhos conflitos. Crise de um modelo excessivamente conservador, cujas contradições se confrontam na Revolução de 1930, onde se coloca no centro do debate a formação do Estado Brasileiro. Como antes, a luta entre o conservadorismo entreguista e o chamado desenvolvimentismo, com suas insuficiências e contradições, submetido ainda à dominação hegemonista. Agora não mais com a Inglaterra à frente, mas com a nova potência imperialista: os Estados Unidos.
Antes e agora, o desafio de construir uma nação. Mais atual do que nunca, a bandeira que se coloca ao povo brasileiro e às forças políticas mais consequentes: assegurar a continuidade do ciclo progressista que se iniciou com a eleição do Presidente Lula em 2002, acelerando as mudanças no pais.
Na semana da pátria impõe-se a reflexão acerca da principal tarefa, qual seja, a efetivação de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que tenha como centro a elevação da qualidade de vida do povo brasileiro. São os desafios de ontem, às margens do Ipiranga, e de hoje, em cada recanto desse Brasil.
Por George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo
Palavra de poeta: Vinícius de Moraes
Há 6 horas
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